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Observações e reflexões pós-Carnaval

E aí migas(os), como foi o Carnaval?

Aqui quem vos fala dessa vez é Gabi com inserções da Lari.

Curtiram os bloquinhos? Se vestiram de glitter? Usaram nossas dicas? Eu também!

É bem verdade que minha carne é de Carnaval e meu coração é igual, mas esse ano as migas aqui não foram tão intensas na folia.

(Lari: eu ainda to sofrendo um pouco com isso, queria ter podido ir em mais bloquinhos, mas como não tive muito tempo disponível, acabei selecionando os meus preferidos e curtindo. Então acho que é uma boa dica para o próximo) Ainda assim, esse foi o primeiro Carnaval no Rio que eu parei para refletir sobre algumas vivências nesse feriado tão maravilhoso, e resolvi dividir isso aqui com vocês.

Vamos começar pelas bads

Faltou banheiro. Principalmente nos lugares onde os blocos menores passavam, o número de banheiros era pequeno e rolou xixi na rua, das mina e dos mano. Estou me referindo aos banheiros químicos, que foram poucos mesmo, nos blocos grandes, como a Orquestra Voadora, as filas eram gigantescas. Mas preciso dizer que em meio a essa falta de banheiros, um deles era maravilhoso e ficava na Praça Tiradentes, era limpinho, tinha papel, obrigada seu lindo!

Faltou lixeira. Eu odeio jogar lixo no chão, além de agora ser crime, acho uma falta de educação e consciência de cuidado com a cidade. Esse é um problema que permeia a cidade do Rio de Janeiro, a pequena quantidade ou inexistência de lixeiras públicas, e nessa época do ano, essa situação só se agrava. Confesso que muitas vezes tive que jogar a latinha de cerveja no chão, tentei me consolar com o fato de que algum catador passaria em breve, mas, ainda assim, fico me perguntando o que podemos fazer como consumidores/ comerciantes/ administração da cidade/ órgãos de recolhimento de lixo para lidar com essa questão de maneira mais inteligente. O catador de latinha tá ali ganhando uma graninha com o lixo que gente produz, é verdade, mas vocês já pararam pra se colocar no lugar da pessoa que está agachada catando latas no chão sujo sem nenhuma proteção? Será que não tem um jeito mais humano de separar esse lixo e encaminhar para reciclagem, sem tirar essa fonte de renda do catador? Não vou mentir, eu não deixei de beber 2 latões por 10 reais pensando onde eu jogaria essas latas depois de terminar a cerveja, mas talvez eu devesse, afinal a lata tá no pacote junto com a cerveja que ela contém e eu comprei sabendo disso, reflitamos....

(Lari: Eu também me incomodo muito com esse lance do lixo. O que eu fiz foi levar comigo um saco plástico desses de mercado mesmo e colocar as latas dentro, aí se eu visse um catador, entregava direto para ele e ele ficava felizinho, caso não visse, eu deixava encostadinho em alguma árvore. Isso porque, especificamente em relação as latas, me disseram que era o melhor a se fazer para que os catadores não tivessem que por a mão no lixo. Já em relação ao resto do lixo que produzimos - garrafa de água, guimba de cigarro, saquinho de sacolé, embalagem de comida e etc - é melhor procurar um lixo mesmo. Vamos amar nossa cidade!)

E a bad das bads: Teve assédio e teve violência contra mulher. E não foi pouco, não. Na quinta-feira pós Carnaval (2 de março), a Polícia Militar do Rio divulgou um balanço de ocorrências atendidas pelo número 190, que totalizaram 15.943 solicitações pelo telefone e das quais 14% foram referentes a violência contra a mulher, isso quer dizer que a cada 3 minutos uma mulher foi agredida nesse Carnaval. Façamos uma pausa e digere esses números.

Esses foram os casos relatados, já pensou em todas as agressões e assédios que não foram comunicados às autoridades? Eu já, inclusive presenciei alguns comigo e com amigas, cantadas de dentro dos carros que passavam na rua, apertaram a bunda de uma amiga na entrada do metrô, seguraram pelo biquini outra no meio de um bloco e a lista continua. Nesse ano, teve muita mina de body e peito de fora, e eu presenciei inúmeras vezes homens assediando essas minas, e esse é o tipo de coisa que não cabe mais no Carnaval, afinal, é uma festa que celebra nossos corpos e a maravilha que é estarmos ocupando eles, estar encarnado merece ser festejado! Por isso parem de interpretar nossos corpos como públicos porque estão a mostra, vale até admirar, mas coloca uma doçura nesse olhar!

(Lari: e é sempre bom lembrar que NADA de tocar! Você não ia gostar que saíssem por aí te apertando, não é mesmo?)

É com esse tópico dos corpos nus que eu venho falar das coisas lindas desse Carnaval!

Orquestra Voadora, foto do site I Hate Flash.

Teve muito glitter e purpurina! Obrigada às deusas do brilho por essa chuva de lacre e reluzência no carnaval de 2017. Nunca antes na história dessa cidade se viu tanta gente refletindo luz pelas ruas, eu não poderia estar mais feliz com isso e, inclusive, acho que a sociedade deveria começar a aceitar glitter nas makes do dia a dia, nada grita mais cara lavada do que um iluminador de purpurina furtacor, né não miga(o)?

(Lari: eu realmente tive dificuldade em aceitar que eu teria que trabalhar na quinta feira e que o glitter não faria parte da minha maquiagem. Como advogada, tô pensando em processar o planeta por não aceitar as vestimentas do carnaval o ano inteiro)

Peitos Livres, SIM! Se tem uma coisa que eu posso te dizer sobre mim é que só uso sutiã em situações de necessidade (leia-se: roupas muito transparentes, cavadas a ponto de deixar escapulir um nude, ambientes que exigem roupas mais formais, ou quando dá vontade. Nenhuma das situações anteriores configura regra). Sendo assim, imagine você, querida(o) leitora(o), a minha felicidade ao ver tanto peito livre espalhado pela cidade! Algo que me deixou extremamente feliz nesse Carnaval foi ver as minas mais confortáveis e de boas com seus corpos, quebrando esses padrões de formas que o mercado de lingerie vem impondo a anos (isso já é papo para outro post) e deixando seus peitos do jeito que eles vieram ao mundo, de mamilo a mostra ou não, o que vale é mostrar que peito é lindo e todo mundo tem, vamos parar de mistificar nossas tetas!

A famigerada pochete. Ela mesma, que voltou a moda e tá conquistando a cintura da galera. Nunca gostei, já tive preconceito, ainda guardo rancor, mas confesso que a doleira bege salvou minha vida. E é apenas esse crédito que eu darei à ela.

(Lari: doleira bege, eu te amo! Ela salva minha vida não só no carnaval, mas é uma EXCELENTE dica de viagem, gente. SÉRIO! Principalmente nós mulheres que decidimos viajar sozinhas por aí e não queremos ficar carregando um monte de tralha e nem correr o risco adicional de sermos mortas na rua pq a bolsa chamou atenção, sim,, eu sou exagerada, mas falando sério, não é disso que esse blog trata? Então já fica a dica do que levar na mala: doleirinha do amor

Maaaaaas para quem, como a Gabi, odeia o fato dela ser bege e feiosa, eu tenho uma miga que faz umas doleiras coloridinhas e personalizadas super baratinhas e dá para encomendar no instagram, confere lá: @serafinacostura)

Teve feminismo e sororidade. Lembra dos casos de assédio e agressão que eu citei ali em cima? Não faltou mina se unindo pra defender umas as outras, e isso foi lindo de ver. Teve tatuagem e adesivo, pra ver se estampado no corpo fica mais fácil de entender que "Não é não!" e segurar pelo cabelo/braço/roupa não é seduzir! Espero que esses migos estejam aprendendo, e se não entendeu a gente escreve e desenha!

Orquestra Voadora, foto do site I Hate Flash.

Essas foram algumas das minhas observações e reflexões sobre o Carnaval do Rio em 2017, me conta aqui o que rolou no seu carnaval e vambora refletir junto. A gente vai pra folia mas volta cheia de problematização. (Lari: eu sonho com o dia que isso não acontecerá mais pq não teremos O QUE problematizar, mas enquanto esse dia não chega, vamos botando a boca no mundo!)

Beijos de glitter!


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