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A primeira vez que eu disse "Vamos?" e ela respondeu "Vambora!"


Manhã na piscina

Essa é a breve, porém importante história da primeira vez em que eu e Lari viajamos juntas, narrada por mim, Gabi.

Importante porque, apesar de sermos amigas há muitos anos e viajarmos com certa frequência, foi essa a nossa primeira viagem juntas. Foi também quando descobrimos nossa compatibilidade como companheiras de viagem.

Foi uma viagem curta, de 2 dias, ida em um e volta no seguinte, para Maricá, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 56Km da cidade do Rio. Sim, foi coisa rápida e para um lugar bem pertinho, ainda assim, a primeira vez a gente nunca esquece e por isso eu vou contar pra vocês.

Era aniversário de amigo meu de escola, desses que a gente fica sem ver muito tempo e ainda assim nada muda. A proposta era chegar sábado de manhã ou sexta à noite e festejar até domingo, cada um contribuiu com uma quantia em dinheiro e comida e bebida eram liberadas. (melhor tipo de festa)

Na época, julho de 2015, eu fazia um curso todo sábado à tarde, então só poderia chegar sábado à noite, sozinha. Não que viajar à noite seja um problema para mim, ou dirigir esse trecho sozinha, mas no contexto, ter uma companhia seria muito mais divertido. O contexto era: eu tinha terminado um namoro longo (assim como Larissa) há não muito tempo, meu amigo mais próximo nessa festa era o aniversariante, todos os outros eu não tinha contato a muito tempo, todos namoram, ou namoravam, a festa já estaria rolando há tempos quando eu chegasse, percebe?

Eu propus à Larissa ser minha acompanhante nessa pequena aventura, e ela respondeu "Vambora!".

Foi também quando percebemos o quão diferente é para nossas famílias quando viajamos juntas, porém apenas meninas, de quando viajamos com rapazes no grupo. As perguntas de praxe se repetiram: "Vai que horas?", "Volta quando?", "Vai dormir onde?", "Abasteceu o carro?", "Calibrou os pneus?" "Pai, não é a primeira vez que viajo de carro, fica tranquilo." "Calibrou?", "Tá levando casaco?", "E cobertor? Parece que o tempo vai ..." "Mãe, não fala isso que acontece!", "Tá levando dinheiro?". Mas alguns diálogos foram inéditos:

"- Vocês vão sozinhas?

- Não, Larissa vai comigo.

- Então vocês vão sozinhas.

- ?"

ou

" Abastece aqui no Rio, é mais barato e o posto é mais movimentado"

ou ainda

"- Você vai beber?

- Claro que sim, tem uma garrafa de tequila me esperando.

- Huum

- Esse inclusive é um dos motivos de dormir lá, né.

- Tá, cuidado hein. Toma conta do seu copo, e vê se não bebe demais.

- Mãe, é na casa do Julio (o qual chamarei de Julio pois não é seu nome real) que você conhece os pais inclusive!!

- Tá, mas toma cuidado tá."

E assim segue a lista de conversas inéditas.

Fomos para Maricá, Eu, Larissa e Cecília (meu carro), munidas de pequenas malas, lanches, colchonete e travesseiros, uma lista de recomendações de nossas famílias, e uma playlist de pagodes e músicas da disney. Pegamos algum trânsito na estrada, chegamos mortas de fome, fizemos os avisos de costume informando endereços e telefones, fizemos novas amizades dançando funk até o chão, revivi antigas, comemos churrasco, bebemos tequila, fomos questionadas sobre nossa amizade ou relacionamento, testemunhamos tretas, desistimos de inflar o colchonete, bebemos tequila, dormimos no carro, sobrevivemos à noite. Saldo muito mais que positivo.

Lagoa de Maricá ao amanhecer

No dia seguinte, acordamos com o calor do sol no carro e as colunas levemente doloridas. Vimos o sol nascer numa vista incrível, bebemos

toddynho no café da manhã (bons tempos quando eu ainda podia beber toddynho), passamos a manhã na piscina. A galera foi se despedindo pouco a pouco, assim como nós, que voltamos pro Rio ao entardecer, pouco antes do engarrafamento insuportável, dando carona a um amigo que dormiu boa parte da viagem no banco de trás, enquanto eu e Lari conversávamos sobre a noite anterior, planejando novas viagens e refazendo todos os informes da volta.

Foi assim que descobrimos que quando uma de nós pergunta "Vamos?", quase sempre a resposta da outra é "Vambora!"e isso tem se provado verdade muito além das viagens e aventuras. Descobrimos também que quando nós minas saímos de casa, ainda que juntas, seja numa viagem ou barzinho, somos percebidas como sozinhas. Mas é por isso que estamos aqui, não é mesmo? Para não estarmos nunca sozinhas.

Beijos de luz e migas, viajem muito!

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