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Miga convidada: Cadê a Thais?

Olá migas e migos leitores!

Essa semana estamos começando um novo seguimento neste blog que vos escreve. A "Miga Convidada" é bem isso que o nome diz: uma mina viajante que nós admiramos, e convidamos para dividir suas experiências por aqui.

A primeira miga convidada é a Thais, dona do canal no Youtube Cadê a Thais?, e página do facebook e instagram de mesmo nome, onde ela divide tudo que aprendeu em suas viagens, e conta um pouquinho das suas aventuras para incentivar quem quer se aventurar "solo".

Thais começou a viajar por esse mundão há mais de 10 anos, mas só em 2014 ela começou a trabalhar pela internet. Foi depois de se tornar uma nômade digital (o que significa que ela trabalha pela internet de qualquer lugar do mundo) que conquistou toda essa liberdade para viajar enquanto trabalha. Formada em Letras - Inglês, ela fala 5 idiomas contando com o português, "e acho pouquíssimo" diz ela.

Em 2017 criou o projeto Cadê a Thais?, para que além de contar das suas viagens, pudesse "incentivar as pessoas a buscarem seus sonhos e uma vida plena".

Quem tem medo de viajar?

por Cadê a Thais

"Quando o assunto é viajar a palavra que eu mais escuto é 'medo'. Conheci uma menina que era louca para viajar, mas tinha medo de se sentir solitária. Conheci um rapaz que tinha medo de fracassar. E se algo desse errado e ele tivesse que voltar mais cedo do que o planejado? O que a sua família e seus amigos iriam dizer? Uma menina, uma vez, me disse que queria ser mais livre, conhecer o mundo, mas que estava estudando para concurso, porque tinha medo de decepcionar os familiares. Vejo também muita gente que tem medo que “alguma coisa aconteça”. De ficarem doentes, de serem assaltados. Ora, tudo isso já aconteceu comigo viajando. Mas tudo isso já aconteceu também com meus amigos que ficaram aqui. Um conhecido teve que se mudar para outro estado, longe da família, por causa do trabalho. Ficou doente e teve que ser internado, sem ninguém para socorrer. Deu no mesmo.

Essas mesmas pessoas me perguntam de onde eu tiro tanta coragem para sair assim, meio sem rumo, explorando o mundo, sozinha. Me acham corajosa, destemida. Eu também sou humana e tenho os mesmos medos e inseguranças, e me faço as mesmas perguntas. Então, de onde vem tanta coragem? Na verdade, nada disso é coragem. É medo mesmo! Apesar de todas essas questões me assustarem, lá dentro de mim, lá no fundo do meu ser, existem outros monstros, outros medos, que me apavoram muito mais.

Eu tenho medo da vida passar e me deixar pra trás. Eu tenho medo da rotina, do marasmo, da apatia. De acordar cansada às 6 da manhã e me levantar para trabalhar sem saber para quê, sem entender qual o sentido de tudo aquilo. A indiferença perante a vida me assusta.

Eu tenho pavor de me olhar no espelho e não saber quem eu sou, ou o que eu estou fazendo aqui. Como eu estou afetando a vida das pessoas ao meu redor? Qual é o meu propósito? Não pode ser só comprar, consumir. Não pode ser trabalhar de segunda a sexta no automático, para viver nos finais de semana. Os dias da semana não passam de convenções, a gente deveria ser feliz mesmo era todo dia, não só na sexta-feira. Eu tenho pavor em pensar na possibilidade de ser infeliz o ano inteiro, sonhando com algumas semaninhas de férias. Eu tenho pânico só de imaginar viver uma vida que não foi a que eu escolhi pra mim, em viver baseada no que os outros acham que vai me fazer feliz ou que acham que eu devo fazer por causa do meu sexo, ou porque nasci aqui ou ali, ou porque estou em uma certa faixa etária. Eu morro de medo de perder noções como o amor e a fraternidade, porque os noticiários me bombardeiam com a informação de que a humanidade está perdida e que não há mais jeito. E se um dia eu olhar para o meu passado e me arrepender de passos que eu não dei? Riscos que eu não corri? Vidas que eu não vivi? E se eu um dia eu olhar para mim e descobri que eu sou a mesma, igualzinho ao que eu era há 20, 30 anos, com a mesma visão engessada de mundo? Que horror! Que medo! Não, eu preciso ser mais, eu preciso crescer, evoluir, expandir a minha mente, entender que existe mais lá fora. O mundo não se resume aos meus amigos, que pensam todos iguais a mim. Eu preciso sair da minha zona de conforto para impactar e ser impactada. Eu preciso sentir que a minha vida vale mais do que a minha força de trabalho, preciso sentir o sangue correndo nas veias, sentir que eu não estou aqui só para pagar contas, que eu não vim ao mundo à toa.

Então sim, no final das contas, eu não viajo porque tenho coragem. Eu viajo mesmo é porque tenho medo. Tenho muito medo, e acho que todo mundo deveria ter também.

'Todos os homens têm medo. [...] Isso nada tem a ver com a coragem.' Jean-Paul Sartre"

Se você curtiu esse texto, vai lá no Cadê a Thais? se inscreve no canal e curte os vídeos.

Até semana que vem!


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